Conselho do avô

Ante o frio,
faz com o coração
o contrário do que fazes com o corpo:
despe-o.
Quanto mais nu,
mais ele encontrará
o único agasalho possível
- um outro coração.


[Mia Couto, «A Chuva Pasmada»]

5 comentários:

  1. esse livro do Mia Couto é um espanto. Esse e o "Mar me quer". Tenho um texto sobre eles aqui: http://www.triplov.org/letras/teresa_sa_couto/mia_couto.htm

    espero que goste :)

    Sendo esta maré de "recados", dê, se tiver pachorra, uma vista de olhos neste adágio: http://adagioss.blogspot.com/2009/08/adagio-em-g-menor-de-albinoni-numa.html

    Um abraço
    TSC

    ResponderEliminar
  2. «A Chuva Pasmada» é um espanto de livro e o seu texto faz-lhe inteira justiça. Quem não tiver lido fica com vontade de ler. Gostei muito! :-)

    Lembro-me que o «Estórias abensonhadas» foi o primeiro livro do Mia Couto que li, por recomendação de alguém com idade para ser meu filho [o que me pareceu notável], e fiquei deslumbrado. Pouco tempo depois estive uma semana em Maputo e foi outro deslumbramento, não tanto pelo terra [que é lindíssima] mas sobretudo pelas pessoas, pela inusitada sensação de estar numa terra onde há muito mais futuro que passado, a sensação de princípio do mundo. Depois de lá ter ido percebi que é uma felicidade para nós, portugueses, o português ainda ser a língua oficial de Moçambique. O povo é sonhador, a escrita do Mia Couto é a prova disso.

    ResponderEliminar
  3. Cliquei sem querer no botão errado e o comentário saíu antes de lhe enviar um abraço. Aqui fica.

    Quanto à sua nova «Casa», já lá fui deixar um pequeno «recado» que, no essencial, se resume a uma palavra: adorei! :-)

    ResponderEliminar
  4. Sei que não é resposta que se espera de mim, mas já não me lembro qual foi a minha primeira leitura de Mia. Li vários livros dele, e nos últimos anos, escrito sobre todas os novos (tenho 2 textos no blogue). Sei que comecei por romance, passei aos contos e foi uma felicidade quando descobri o «Raiz de Orvalho e outros poemas», o primeiro dos dois livros de poesia que tem editados. O Jesusalém ainda não li, nem a Caminho mo enviou. Nem fui à apresentação, na Leya...
    Pedi-lo-ei antes do Natal.

    Não conheço Moçambique, mas conhecerei, seguramente. Há cerca de 20 anos, no final do meu curso, tive convite para leccionar na Universidade de Maputo; todavia, o contrato de vínculo era 4 anos, achei muito, receei e não aceitei. Hoje iria, pois claro :)

    Contribuo com um poema:

    Árvore

    cego
    de ser raiz

    imóvel
    de me ascender caule

    múltiplo
    de ser folha

    aprendo
    a ser árvore
    enquanto
    iludo a morte
    na folha tombada do tempo

    in Raiz de Orvalho e outros poemas, p.59, 3ªedição, 1999

    ResponderEliminar
  5. Respondi ao "recado" na novíssima casa.

    Um abraço (também me esqueci :)) )

    TSC

    ResponderEliminar