Divagações (1)

 
Biblioteca de jardim, Lisboa, Portugal
Estúdio Mário Novais, in Biblioteca de Arte da F.C.G.

Les femmes préfèrent les emotions à la raison, c'est tout simple: comme en vertu de nos plats usages, elles ne sont chargées d'aucune affaire dans la famille, la raison ne leur est jamais utile, elles ne l'éprouvent jamais bonne à quelque chose.
Stendhal, De L'Amour, Editions au Grand Passage, Geneve, p.17

Havia em Atenas uma moça chamada Hipácia, de entendimento tão superior que ensinava retórica publicamente. Conheceu Hipácia que um dos seus discípulos se achava perdidamente enamorado dela, porém que o respeito lhe impedia que se explicasse. O estado a que ele chegou lhe fez compaixão, vendo que ameaçava trágico fim. Chamou-o Hipácia particularmente a sua casa e depois de lhe dizer com toda a doçura que ela tinha adivinhado o segredo do seu mal, no que ele logo consentiu, lhe descobriu o seu corpo em hora que as mulheres têm o maior cuidado em ocultá-lo e disse-lhe: "Aqui tendes, meu filho, o horror que vós amais". O discípulo, interdito e confuso, se lançou a seus pés, e pedindo-lhe perdão prometeu emendar-se da sua paixão e assim o fez. 
Cavaleiro de Oliveira, Cartas, selecção, prefácio e notas de Aquilino Ribeiro, Livraria Sá da Costa, p.77

A razão é como uma mulher honestíssima e sem parentes, que em tudo está falta de auxílio e de liberdade.
Agustina Bessa-Luís, Dicionário Imperfeito, Guimarães Editores, p.247

3 comentários:

  1. Muito interessantes divagações, meu caro C.A.! Mas... e as conclusões? ;-D

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  2. E temos de concluir? :-)))
    Talvez lá mais para o Verão, com dias mais calmos e noites mais longas, eu consiga revelar um pouco da lógica (ou falta de lógica) destas minhas deambulações. Mas a sua pergunta é gentil, minha cara Luísa. Obrigado. :-)

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