Oferecendo de beber a Pei Ti

Provável auto retrato de Wang Wei


Vem beber um copo e descansar,
os homens mudam sempre, como as ondas do mar.
Nós dois temos envelhecido juntos,
apesar dos reveses, continuamos vivos.
O primeiro a habitar uma casa de portões escarlates
pode sorrir, ao olhar os outros de chapéu na mão.
Tu sabes, basta um pouco de chuva
para reverdecer a erva dos caminhos.
O vento da Primavera é ainda frio
mas os botões das flores quase desabrocharam.
Porquê tanta pergunta, tanta luta,
os negócios do mundo, as nuvens flutuantes?
Descansa, deixa fluir a vida,
e vem jantar comigo.

Wang Wei, Poemas de Wang Wei, tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu, Instituto Cultural de Macau, 1993, p.170

6 comentários:

  1. Há convites que vale a pena aceitar pelo seu efeito paliativo :). Aceitá-los é apreciar a pausa das lutas e das perguntas. No entanto, as perguntas e as lutas voltarão. Afinal, também elas se assemelham às ondas do mar, porque reflexo da natureza humana.

    Bom Domingo! Em pausa, se possível :)

    ResponderEliminar
  2. Obrigado, Sara! Uma boa semana para si :-)

    ResponderEliminar
  3. Também gostei dos dois últimos versos:
    «Descansa, deixa fluir a vida,
    e vem jantar comigo.»
    Um dia aproveitá-los-ei. :)

    ResponderEliminar
  4. A sabedoria existe, os homens não a procuram muitas vezes...
    God bless you, Wang Wei, pelas sábias palavras...

    ResponderEliminar
  5. God bless you too, MJ Falcão! É sempre bom encontrá-la por aqui.

    ResponderEliminar