Perserverança a mais. Perserverança
até ao sensabor do inviável
sem saber se o tempo é de mudança
ou se o silêncio é que é inesgotável.
Corre o bicho das contas à lembrança:
menos por menos torna-se improvável
que dê mais. À custa da esperança
se torna a mesma esperança inevitável.
Curvemos insondáveis os narizes
nas águas plurimansas e capazes
de nos passar de fracos a felizes.
Sejamos entre os bons melhores rapazes
(os Zês ou os Ypsilons ou os Xizes)
repetindo que a sorte é dos audazes.
Joaquim Pessoa, Sonetos Perversos, Litexa, 1984, p.73