Mostrar mensagens com a etiqueta Abade de Jazente. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Abade de Jazente. Mostrar todas as mensagens

05/10/10

Pruridos de nobreza

Eu não creio que a nossa Fidalguia
Procedesse d'Adão, que era um coitado;
Um paisano, que nunca andou calçado,
Um pobre, que de peles se vestia.

Não teve armas, brasões; nem possuía
Por prova de ser nobre algum Morgado;
O fôro nunca viu; nem foi tratado,
Como agora se faz, com Senhoria.

Eva inda foi pior, pois na Escritura
Se não trata de Dom, nem de Excelência.
Nem se diz se nas danças fez figura.

E assim venho a tirar por consequência,
Que estando hoje a nobreza em tanta altura
Não traz dele, nem dela a descendência.

Paulino António Cabral, Poesias, Livraria Figueirinhas - Porto, p.100


06/03/10

Com medonho estridor, o Inferno fala

 

Geme o Centro mortal, o Abismo estala,
O Vento se enfurece, o Céu se enluta;
Do mais enorme peso a massa bruta
Rompe em soluços, em temor se abala.

O mar o seu prefixo termo escala;
Na prisão subterrânea o fogo luta,
E horrores vomitando em cada gruta,
Com medonho estridor o Inferno fala.

Tanta desordem, tanto desconcerto
Nos elementos todos, são indício,
Que a ruína universal vem já mui perto.

E o mais certo sinal do precipício,
É crescer sem temor o desacerto,
E subir nos mortais sem termo o vício.
                                                                 I, 36

Abade de Jazente, Poesias, INCM, p.66

Pantha rei

  Nenhum homem consegue banhar-se duas vezes no mesmo rio .  Porque não é o mesmo homem, nem é o mesmo rio. Tudo flui.    Heraclito, em vers...