MATTHIEU GALEY - Há (...) um elemento particular na sua infância: foi uma infância sem mãe. Essa falta pesou-lhe?
MARGUERITE YOURCENAR - Nem um pouco. Nunca, durante a minha infância, me foi mostrado um retrato da minha mãe. Só o vi quando tinha talvez uns trinta e cinco anos. Fui visitar a sua campa pela primeira vez quando já tinha uns cinquenta e cinco. Devo dizer que o meu pai estava sempre rodeado de mulheres. Portanto, havia muita gente para me fazer golas em bordado inglês ou para me oferecer bombons.
( De Olhos Abertos - Marguerite Yourcenar, conversas com Matthieu Galey, Relógio de Água, p.23-24)