outra vez peixe cozido?
não sabendo a sorte que é poder comer qualquer coisa, em vez de lhe servirem tubos de plástico num prato, acompanhados por um copo de soro
qual o sabor dos pensamentos?
das palavras?
da minha carne que apodrece?
a minha boca está seca, não percebo para que me tiram a saliva, de vez em quando alguém me molha os lábios e sinto o gosto fresco da água misturado com o sabor de pequenas fibras de algodão
(o algodão doce da feira popular)
também não percebo por que não me dão comprimidos para tomar, como é que esperam que eu melhore? um daqueles de chupar, de enrolar na lígua, daqueles que nos devolvem a súbita tranquilidade de não tarda estás fino
gostava de ser um pássaro e saborear o milho que me atirassem, enquanto andasse no terreiro com o meu andar
desajeitado, inclinado, ávido
porque ninguém tira a saliva aos pombos, nem mete tubos por eles adentro, e se fosse um pássaro podia sair daqui, por uma janela aberta, e voar até às nuvens, onde pudesse sentir o seu gosto húmido de algodão
não sabendo a sorte que é poder comer qualquer coisa, em vez de lhe servirem tubos de plástico num prato, acompanhados por um copo de soro
qual o sabor dos pensamentos?
das palavras?
da minha carne que apodrece?
a minha boca está seca, não percebo para que me tiram a saliva, de vez em quando alguém me molha os lábios e sinto o gosto fresco da água misturado com o sabor de pequenas fibras de algodão
(o algodão doce da feira popular)
também não percebo por que não me dão comprimidos para tomar, como é que esperam que eu melhore? um daqueles de chupar, de enrolar na lígua, daqueles que nos devolvem a súbita tranquilidade de não tarda estás fino
gostava de ser um pássaro e saborear o milho que me atirassem, enquanto andasse no terreiro com o meu andar
desajeitado, inclinado, ávido
porque ninguém tira a saliva aos pombos, nem mete tubos por eles adentro, e se fosse um pássaro podia sair daqui, por uma janela aberta, e voar até às nuvens, onde pudesse sentir o seu gosto húmido de algodão