No fim

«Estava nisto quando recebo um telegrama de Tina - sua mãe morreu. Ou antes, não recebi, eu estava no jornal, vim já tarde para casa. Foi o Miguel que o recebeu e mo meteu entalado no disco do telefone. Sua mãe morreu - Tina. (...) Estarei triste? Não sei. Ou antes. De vez em quando a súbita iluminação que estou mais só. Reinventar a vida desde onde já a reiventara. Mas provisoriamente. (...) Porque eu queria uma relação clara com o facto da morte da minha mãe. Não tenho. Uma relação que passasse através do mito convenção parece bem. Não o sei. E todavia estou triste. Sofro. Mas não sei em que sítio de mim o sofrimento é verdadeiro como num pôr do Sol o Sol, acima ou abaixo do horizonte, e entretanto cheguei à estação.» [Vergílio Ferreira, «Até ao Fim», Quetzal, p.109-110]

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