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21/04/25

Que farei eu quando tudo arde?

 


Amor bravo e rezão dentro em meu peito
Têm guerra desigual. Amor, que jaz
I ja de muito tempo, manda e faz
Tudo o que quer a torto ou a dereito.

Não espera rezão; tudo é despeito,
Tudo soberba e força; faz e desfaz
Sem respeito nenhum; nunca está em paz;
Quando cuidais que sim, tudo é desfeito.

De outra parte a rezão tempos espia
Aqueles, quando traz de tarde em tarde
Força de sem rezão e milhor dia.

Não tem Amor lugar certo onde aguarde:
Antão trata treiçõis nesta agonia.
Triste, que farei eu quando tudo arde?

Francisco de Sá de Miranda, Poesias de, Edição de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, INCM, p.68-69  


01/03/25

Cantiga X

Até quando me tereis
N'esta dor que por vos quis?
Os serviços que vos fiz
Quando mos perdoareis?

Não ser vosso não é em mim.
Isto quereis mo acoimar?
Pera a alma, vossa sem fim?
Se me tanto mal fazeis
Por serviços que vos fiz,
O bem que vos quero e quis, 
Quando mo perdoareis?

Francisco de Sá de Miranda


27/10/11

O sol é grande...

O sol é grande, caem com calma as aves
Em tal sazão que soía de ser fria.
Esta água que cai de alto acordar me hia
De sono não, mas de cuidados graves.

Oh cousas todas vãs, todas mudaveis,
Qual é o coração que em vós confia?
E passa um dia assi, passa outro dia,
Incertos muito mais que ó vento as naves?

Eu vira ja aqui sombras, vira flores,
Eu vira fruita ja, verde e madura;
Ensordecia o cantar dos ruiseñores!

Agora tudo é seco e de mistura:
Tambem mudando me eu, fiz outras côres.
E tudo o mais renova: isto é sem cura. 

Francisco de Sá de Miranda, Poesias de ...,
edição de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, INCM, p. 81


Tudo flui

«Para quem entrar no mesmo rio, outras são as águas que correm por ele.» (frg.12 Diels-Kranz) Heraclito , "Hélade - Antologia da Cultur...