Estranhos

«As mulheres e homens que vêm da feira, elas com gamelas à cabeça e eles desasados e de cântaros na mão, passam-me debaixo das janelas como estranhos, que me são.
Dentro de qualquer panelita ou tacho de barro um punhado de sardinhas... E vão, devagar, trajados de domingo, calçados... E eu olho-os indiferente, pensando apenas no barro antiquíssimo de que eles se servem, na petinga salgada que comem, nas suas vidas, paralelas, e jamais concordes, jamais fundíveis com a dos bons proprietários.»
[Irene Lisboa, «Solidão» II, p.222]

4 comentários:

  1. Sim, Irene era uma observadora lúcida.
    Obrigado pela visita.
    Abraços

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  2. De novo a nossa Irene...
    Obrigada.
    Um abraço.
    Josefa

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  3. Obrigado eu, Josefa. É muito bom saber que a Irene é nossa! :-)
    Um abraço grande

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