«Talvez eu pudesse ter dado a quem nos lê um excerto do teu passado mas não o fiz, como uma fotografia que se retira da sala porque o fotografado morreu ou deixou de existir no nosso coração e ele nota que o mataram porque deixou de estar ali e matamo-lo assim mesmo aos olhos de quem estiver e ele que veja porque os mortos não têm olhos para ver que os mataram, a minha fotografia estava ali e já não está e eu finjo que não dói fazendo de conta que não vi e estavam tão contentes quando disseram «olha, querido, tu ali!» e eu tão feliz.
Mas não te dei, Manuela, e és agora uma sombra, ténue, inerte, pouco mais és, Manuela, enquanto personagem deste livro que a tua função, não tens mais biografia do que o que fazes como sobrevivência e este acanhado lugar onde a exerces, não há mais pessoa em ti do que o emprego, nem mais mulher porque não há ninguém para quem o ser».
"Não temos um excerto do passado", mas temos um excerto deste livro para abrir o "apetite" de o ler.
ResponderEliminarObrigada, c.a.
Um abraço :)
A intenção era essa! :-)
ResponderEliminarObrigado, Maria Josefa.
Um abraço
Mais um excerto, para ficar a pensar...muito interessante. Tenho uma grande falha relativamente à literatura portuguesa, o que vou tentar soluccionar.
ResponderEliminarO texto até refere uma Manuela, até me senti estupidamente um alvo. lol, só por graça!
Beijos,
Manuela
São quatro os personagens deste livro, dois homens e duas mulheres e, de todos, esta Manuela é o mais intrigante. Neste excerto o autor/narrador explica que é intencional, que a quis assim, e porquê. E consegue fazê-lo em dois parágrafos, através de uma extraordinária imagem: a fotografia que se retira da sala.
ResponderEliminarÉ um livro que merece ser lido e que, a meu ver, deixa perceber que há mais livros dentro deste Autor para serem escritos. Venham eles!
Obrigado, Manuela.
Beijos.
ups... o livro já está disponível e eu não sabia. Ai a minha vida :)))))
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