Não conta nada

Last night I told a stranger all about you.
Morphine







Ontem à noite tentei contar
a um estranho tudo o que sabia
acerca de ti, e não sabia nada.
Talvez o amor seja mau psicólogo,
talvez nos embruteça a inteligência.
Quem tem uma vida pode contá-la,
mas quem ficou preso numa rede
de sentimentos adversos, quem
se debate no interior de um soneto
de onze varas, só pensa em acordar
num corpo distante, tem lá tempo
para usar a cabeça. Vai pela névoa
de coração vendado, na boca palavras
que não proferiu, leva para casa
tudo o que lhe dizem, por que será.

9 comentários:

  1. O poema é extraordinário. Boa escolha!
    Para coisa tão perseguida e ansiada, não tem grande aparência, pois não? :)

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  2. Dei com o poema por acaso, e chamou-me a atenção o facto de ter sido inspirado pela canção dos «Morphine», que serve de banda sonora ao vídeo. Gosto muito da música deste grupo, e esta canção tem a particularidade de ser muito original, muito diferente das outras músicas deles. O vídeo, que descobri através do Google, é muito curioso, porque embora seja um vídeo «caseiro» está, a meu ver, muito bem feito. E tem o encanto de mostrar gente «verdadeira».
    Juntando tudo, o resultado é uma espécie de «antes e depois», ou então as duas faces de um «durante». Para explicar melhor esta minha ideia teria de escrever muito mais, e tenho dúvidas que a Sara depois tivesse paciência para ler tudo... :-)

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  3. C.A.,

    A música é linda!
    O vídeo é genial, de uma leveza e movimento fantásticos. Tem alegria, pelo menos ela parece alegre.
    Um ponto que achei belo no filme foi o "malgirassol-bemgirassol".
    Outro ponto que gostei foi ela passar a vida a olhar para o céu e para as núvens... e não cair.

    O poema é sublime, corre como o filme, um excelente casamento.
    Somando isto tudo vi beleza e um grande ponto de ?
    Foi pena não escrever mais.
    Boa noite! :)

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  4. Obrigado, Ana, mas desta vez, a haver mérito, ainda é «menos meu», porque o «casamento» entre música e poema é ideia do poeta. Eu limitei-me a escolher o vídeo :-)

    Obrigado, ainda, pela amabilidade de me fazer pensar que as minhas conjecturas e divagações poderão ser merecedoras da atenção de terceiros, mas acredite que não é o caso. O meu objectivo, aqui na «Casa», foi sempre fruir o belo e partilhá-lo com os «visitantes», sem «dissertações», desde logo porque corria o risco de escrever apenas disparates, tratando-se, como se trata, de matérias totalmente fora da minha área de formação...

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  5. Não basta parecer, é preciso ser! E isto refere-se ao uso da inteligência.

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  6. Tem razão, para se poder usar a inteligência é necessário tê-la e, infelizmente, ainda não está disponível em comprimidos... :-)

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  7. Desconhecia esta canção, de que gostei bastante. Thanks! :)

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  8. Jad,
    Parece-me que a inteligência nas coisas do amor fica ofuscada.
    O amor limita a inteligência, por isso é que "as cartas de amor são rídiculas".

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  9. Repetindo (pelo que peço desculpa):
    Não basta parecer, é preciso ser! E isto refere-se ao uso da inteligência.

    E cada um faça a interpretação que desejar...

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