James Ensor, Ensor with masks
Je ne hais personne; - mais la haine noircit mon sang et brûle cette peau que les annés furent incapables de tanner. Comment dompter, sous des jugements tendres ou rigoureux, une tristesse hideuse et un cri d'écorché? (...) E. M. Cioran, Précis de Décomposition, Gallimard, p.108
Gostei deste trecho de Cioran que escolheu.
ResponderEliminarPavese dizia «Odeiam-se os outros porque se odeia a si próprio». Também me parece certo.
E o quadro de Ensor foi muito bem escolhido.
A ideia de Pavese (autor que ainda não conheço mas tenho muita vontade de ler) foi, precisamente, o que me ocorreu quando vi o quadro. Muito obrigado, MR!
ResponderEliminarAditamento:
ResponderEliminar"Je ne m'intéresse pas à mes experiences, mais à mes réflexions sur elles."
(Cioran, "Cahiers 1957/1972", pg.100).
Pavese é um escritor interessante, tem poemas bonitos.
ResponderEliminarJames Ensor é fantástico conheci este quadro antes de o ver ao vivo no museu D'Orsay, mas ao vivo é mais impressionante.
Na altura estava uma exposição temporária sobre Ensor e o trabalho dele é muito curioso e tem uma beleza diferente.
Máscaras é o que usamos quando rimos sem vontade, é o refúgio de nós mesmos. Cada vez mais, julgo que é necessário ter uma máscara porque a nudez do rosto só traz dor, incompreensão e exclusão.
Obrigado, APS. Absolutamente de acordo (vou ter de encontrar esses cadernos...)Essa a razão, aliás, que me leva a gostar de ler diários.
ResponderEliminarViva, Ana. De Pavese conheço apenas o que tenho encontrado pela blogosfera. Estive com um livro dele nas mãos, há uns tempos, julgo que uma edição bilingue dos poemas, e fiquei com muita vontade de a comprar. Há-de ser um dia destes...
Quanto a James Ensor é, de facto, um pintor muito curioso, que me faz lembrar Bosch e Bruegel. Nunca vi os quadros, apenas reproduções, e impressionou-me a evidente carga alegórica que todos têm. São quadros que conversam connosco, de uma forma muito impressiva, e julgo que este aspecto está directamente relacionado com as máscaras. Não era em vão que as máscaras eram fundamentais no teatro da Antiguidade Clássica, isto é, não creio que sua função seja esconder, mas antes, pelo contrário, colocar em evidência...
Vejo que já regressou. Espero que as férias tenham sido boas :-)
Viva,
ResponderEliminarSim,a semana passou rapidamente mas chegou para me alimentar. Budapeste encantou-me de tal modo que adiei a minha ida a Viena. Obrigada.
Quanto a James Ensor, concordo inteiramente com o paralelismo que faz com Brueghel e Bosch pela impressiva escolha dos múltiplos pormenores que parecem colocados ao acaso. O quotidiano é visto por dentro e por fora, fotografado por uma câmara penetrante e colocado como uma parte integrante da ordem no meio do caos.
Ensor não se esconde com máscaras, ele mostra, em particular nesta tela, as diferentes máscaras que o rodeiam e pertencem aos outros. Os seus quadros são verdadeiras alegorias e as máscaras são uma constante a partir de determinado período da sua vida.
Relativamente às máscaras gregas (que não escondem) não estou inteiramente de acordo, as máscaras gregas interpretam personagens trágicas ou cómicas, por isso vestem a pele de outro que não o próprio. Elas eram a teatrialização de belos textos que só os homens podiam interpretar.
Não sei se fui clara, ainda estou em modo de férias, embora tenha começado a trabalhar.:)
Minha cara Ana, eu respondia ao seu anterior comentário, não a este... :-)
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