Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,
Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?
Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,
Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"
[Antero de Quental]
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,
Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?
Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,
Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"
[Antero de Quental]
Foi o primeiro poema que li de Antero, tinha eu 16 anos, e que me atou ao autor para sempre. Sem compreender ainda toda a dimensão desse soneto, fiquei fascinada por esse cavaleiro solitário e "formidável"...
ResponderEliminarUm texto grandioso de um maior poeta de sempre.
Abraço
TSC
Lembrei-me do Antero hoje porque estive com um livro dele nas mãos e passei os olhos pelos extraordinários sonetos «Elogio da Morte». Apeteceu-me colocar aqui um poema dele, mas escolhi este soneto, de que gosto muito. Depois, quando fui à procura de um texto sobre o Autor, para «linkar» no nome, lembrei-me de verificar se a Teresa já teria escrito alguma coisa sobre ele, e lá estava, precisamente o que eu queria...
ResponderEliminarQuem ler isto vai pensar que estamos combinados e ambos sabemos que não estamos, é puro acaso...
«Há qualquer coisa de absolutamente selvagem nas coincidências. Elas nunca são procuradas e, no entanto, aparecem-nos sem que estejamos à sua espera. São uma espécie de Pã, no meio do caminho, sobressaltando-nos o passo, agitando-nos a alma», escreveu Cynthia Guimarães Taveira, citada pelo JAB, aqui:
http://geometriadoabismo.blogspot.com/2009/04/o-acaso.html
:-)
Abraço
Sim, escrevi em Abril, para a Orgia literária, a propósito dos 167 anos de Antero de Quental - eu lá deixava passar essa data... :)))))
ResponderEliminarE só agora vi o link, aqui.
As coincidências são matéria enigmática...
Outro abraço
TSC