«Quando sentiu que estava morrendo, meu avô Celestiano chamou a mulher e pediu-lhe:
- Deixa-me fitar teus olhos!
E ficou, embevecido, como se sua alma fosse um barco deitado num mar que eram os olhos de sua amada.
- Tens frio?, perguntou ela vendo-o tremer.
- Não. És tu que estás a chorar.
- Chorar, eu? Começou foi a chover.»
[Mia Couto, «Mar me quer», Caminho, p.63]
26/09/09
21/09/09
Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,
Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?
Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,
Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"
[Antero de Quental]
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,
Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?
Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,
Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"
[Antero de Quental]
19/09/09
«A dez mil quilómetros de ti»
«Chegara ao escritório, mal tivera tempo de pousar a mala ou de despir ao menos o casaco, quando a viu, no tampo envidraçado da mesa, entre notificações e umas quantas inutilidades, uma carta, com a tarja de correio aéreo, as marcas da distância enrugadas no envelope.
Sentou-se, e na ânsia controlada que era o seu modo de sobreviver ao espanto, leu-a como se fosse alheia:
"Ouve-me. Ontem parece que acabou tudo o que me trouxe aqui. Vi-me como se a um espelho. Um sentimento de isolamento, o desejo de não estar, a incapacidade de fruir com os outros a autenticidade da vivência que eles gozam e lhes basta, entre a infâmia da intriga permanente e a indiferença face à miséria que nos circunda.
Hoje, estonteado pela luz, tentei sair à rua. Qual toupeira cega, não cheguei além do primeiro quarteirão empoeirado. O sol, o inclemente sol, perseguindo-me a cabeça, o zumbido de insectos alados anunciando um apetite voraz pelo meu sangue, hordas de crianças, pedintes, míseras, pertinazes na arte de perseguir por uma moeda, batedores do alheio, o estrangeiro como uma mina e o eldorado e, em tudo, um halo de cinzas, de destruição, de morte ainda fresca. Cambaleando de dor, regressei.
Dizem-me que é uma nação a fazer-se. Dizem-me que no ar condicionado se redigem prodígios de arquitectura legal. Na rua, ostensivas e arrogantes, patrulhas motorizadas, carros de combate e camiões, provocadora, uma parabólica esventrando os céus, sereias funcionárias estiradas nas praias, o luxuoso exibicionismo na areia suja, cochichos de fervilhante conspiração, de doentia maledicência entre copos, corpos e comezainas.
Não sei por quanto tempo ficarei, nem sei já se vale a pena aquilo que faço.
Sei que há um «eu» que me trouxe aqui, sem ao menos o conforto de uma ideologia que sinta minha, de uma causa a que chame própria, de uma pátria que me reclame. Patriota de pátrias adoptadas, pária por vocação, estrangeiro exilado de si, que nenhuma família em rigor reclama como seu.
Mas conheço também aquele que nestas linhas se confunde e se lamenta e tenta mostrar que perdido está, trancado num quarto de hotel, desejando que não toque o telefone, que nada suceda, que ninguém o convide.
O momento agónico da hora do almoço aproxima-se e com ele a descida necessária à casa de jantar. Fosse eu, nesse local de requinte, qual deck elegante de um navio, o solitário passageiro taciturno, aquele que a ninguém fala e de quem ninguém se aproxima, absorto na ausência como se num livro se concentrasse, indiferente e alheio. Pudesse, ao menos, essa categoria espectacular e trágica do homem só despertar, por um momento que fosse, o primeiro impulso do amor alheio que é a comiseração e a simpatia. Mas, trancado aqui e do mais isolado, resta-me o mundo fictício da minha literatura real, suas personagens e a promiscuidade dos seus actores.
Dei comigo esta manhã, como se no cansaço do longínquo tivesse encontrado a incapacidade de regressar, no cais do meu próprio desembarque eu fosse aquele que acena aquém da viagem, um interminável adeus a ter ficado.
Esgota-se-me a capacidade de sofrer, o absurdo da condição de homem dividido, estendendo a mão como aquele que, aqui por uma côdea de afecto, ali por um halo de ternura, numa esquina incógnita a aguardar e exaurir à saciedade, esgotados os sentidos, conseguisse com isso sobreviver.
Longe da pátria onde não nasci, do lar que nunca tive, resta-me o fio desta correspondência e a esperança morna que a recebam.
Talvez tudo tenha envelhecido a ponto de não haver mais do que, amanhã, o alçar a âncora lodosa de um cargueiro, o chiar retesado dos cabrestos e seu cordame, a maré a subir e com ela a hora de zarpar, orçando a bombordo primeiro em marcha a ré, e força a vante rumo ao norte mítico, ao equador da tranquilidade, à náusea de semanas apenas com o mar por companhia.
Recolheria pela tarde ao camarote. Talvez eu te tivesse então e a nudez reconfortante do teu corpo, a meu lado, na ânsia de dormir, dormir só e tão-somente, que há dias em que um homem desespera de si e se cansa do resto.
Ouve-me. Parece-me que tudo acabou. Ontem vi-me, como se num álbum de fotografias recordasse o longíquo parente, virando a folha, esquecido o nome, a memória ténue. Ontem vi-me ali, irreconhecível e de mim próprio incompreendido.
Em breve fecha a mala postal. Quando me leres sabe-se lá como estarei. Os deuses apiedam-se muitas vezes abreviando o mal real com a embriaguez do sonho. Bebamos pois à vida, sejamos do mais esquecidos e do resto indiferentes, no confinado espaço, a cadência salgada do mar na escotilha, batendo o ritmo do coração, os solavancos dos nossos corpos em viagem.
Espera por mim. Peço-te que leias os Laços de Família. É o que nos falta. Seremos uma, se eu voltar."
Muito tempo depois, relida a carta teria a certeza do que nela se dizia: o amor doloroso, feito da ausência ansiosa, pareceu-lhe, enfim, a felicidade possível, o máximo de todos os mundos. Momentos depois estaria na rua, todo o mundo de obrigações quotidianas à sua espera, daquelas que não fazem história nem mudam o mundo. Um desejo de que aquele infinito momento se pudesse prolongar tomou conta de si, o mar à vista, o céu a confundir-se com ele.»
[José António Barreiros, «Contos do desaforo», Ed. Presença, p.54-57]
Sentou-se, e na ânsia controlada que era o seu modo de sobreviver ao espanto, leu-a como se fosse alheia:
"Ouve-me. Ontem parece que acabou tudo o que me trouxe aqui. Vi-me como se a um espelho. Um sentimento de isolamento, o desejo de não estar, a incapacidade de fruir com os outros a autenticidade da vivência que eles gozam e lhes basta, entre a infâmia da intriga permanente e a indiferença face à miséria que nos circunda.
Hoje, estonteado pela luz, tentei sair à rua. Qual toupeira cega, não cheguei além do primeiro quarteirão empoeirado. O sol, o inclemente sol, perseguindo-me a cabeça, o zumbido de insectos alados anunciando um apetite voraz pelo meu sangue, hordas de crianças, pedintes, míseras, pertinazes na arte de perseguir por uma moeda, batedores do alheio, o estrangeiro como uma mina e o eldorado e, em tudo, um halo de cinzas, de destruição, de morte ainda fresca. Cambaleando de dor, regressei.
Dizem-me que é uma nação a fazer-se. Dizem-me que no ar condicionado se redigem prodígios de arquitectura legal. Na rua, ostensivas e arrogantes, patrulhas motorizadas, carros de combate e camiões, provocadora, uma parabólica esventrando os céus, sereias funcionárias estiradas nas praias, o luxuoso exibicionismo na areia suja, cochichos de fervilhante conspiração, de doentia maledicência entre copos, corpos e comezainas.
Não sei por quanto tempo ficarei, nem sei já se vale a pena aquilo que faço.
Sei que há um «eu» que me trouxe aqui, sem ao menos o conforto de uma ideologia que sinta minha, de uma causa a que chame própria, de uma pátria que me reclame. Patriota de pátrias adoptadas, pária por vocação, estrangeiro exilado de si, que nenhuma família em rigor reclama como seu.
Mas conheço também aquele que nestas linhas se confunde e se lamenta e tenta mostrar que perdido está, trancado num quarto de hotel, desejando que não toque o telefone, que nada suceda, que ninguém o convide.
O momento agónico da hora do almoço aproxima-se e com ele a descida necessária à casa de jantar. Fosse eu, nesse local de requinte, qual deck elegante de um navio, o solitário passageiro taciturno, aquele que a ninguém fala e de quem ninguém se aproxima, absorto na ausência como se num livro se concentrasse, indiferente e alheio. Pudesse, ao menos, essa categoria espectacular e trágica do homem só despertar, por um momento que fosse, o primeiro impulso do amor alheio que é a comiseração e a simpatia. Mas, trancado aqui e do mais isolado, resta-me o mundo fictício da minha literatura real, suas personagens e a promiscuidade dos seus actores.
Dei comigo esta manhã, como se no cansaço do longínquo tivesse encontrado a incapacidade de regressar, no cais do meu próprio desembarque eu fosse aquele que acena aquém da viagem, um interminável adeus a ter ficado.
Esgota-se-me a capacidade de sofrer, o absurdo da condição de homem dividido, estendendo a mão como aquele que, aqui por uma côdea de afecto, ali por um halo de ternura, numa esquina incógnita a aguardar e exaurir à saciedade, esgotados os sentidos, conseguisse com isso sobreviver.
Longe da pátria onde não nasci, do lar que nunca tive, resta-me o fio desta correspondência e a esperança morna que a recebam.
Talvez tudo tenha envelhecido a ponto de não haver mais do que, amanhã, o alçar a âncora lodosa de um cargueiro, o chiar retesado dos cabrestos e seu cordame, a maré a subir e com ela a hora de zarpar, orçando a bombordo primeiro em marcha a ré, e força a vante rumo ao norte mítico, ao equador da tranquilidade, à náusea de semanas apenas com o mar por companhia.
Recolheria pela tarde ao camarote. Talvez eu te tivesse então e a nudez reconfortante do teu corpo, a meu lado, na ânsia de dormir, dormir só e tão-somente, que há dias em que um homem desespera de si e se cansa do resto.
Ouve-me. Parece-me que tudo acabou. Ontem vi-me, como se num álbum de fotografias recordasse o longíquo parente, virando a folha, esquecido o nome, a memória ténue. Ontem vi-me ali, irreconhecível e de mim próprio incompreendido.
Em breve fecha a mala postal. Quando me leres sabe-se lá como estarei. Os deuses apiedam-se muitas vezes abreviando o mal real com a embriaguez do sonho. Bebamos pois à vida, sejamos do mais esquecidos e do resto indiferentes, no confinado espaço, a cadência salgada do mar na escotilha, batendo o ritmo do coração, os solavancos dos nossos corpos em viagem.
Espera por mim. Peço-te que leias os Laços de Família. É o que nos falta. Seremos uma, se eu voltar."
Muito tempo depois, relida a carta teria a certeza do que nela se dizia: o amor doloroso, feito da ausência ansiosa, pareceu-lhe, enfim, a felicidade possível, o máximo de todos os mundos. Momentos depois estaria na rua, todo o mundo de obrigações quotidianas à sua espera, daquelas que não fazem história nem mudam o mundo. Um desejo de que aquele infinito momento se pudesse prolongar tomou conta de si, o mar à vista, o céu a confundir-se com ele.»
[José António Barreiros, «Contos do desaforo», Ed. Presença, p.54-57]
17/09/09
Notas ao acaso
«Sofro a necessidade do amor, penso às vezes. E creio senti-la.
Sofro do amor sem partilha, decepcionado. Sofro de desânimo, de desejo, de desalento; sofro.
Haveria jamais amor que me contentasse?
Correspondência para a minha pobreza e ânsia?
Sofro do amor sem partilha, decepcionado. Sofro de desânimo, de desejo, de desalento; sofro.
Aperta-me, comprime-me a secura dos outros. O seu egoísmo, a sua insociabilidade, ou a sua falsa, interesseira sociabilidade, a sua dureza, a sua aridez, a sua volubilidade! Sinto-me repelida por tudo isto.
E não serei... não serei...Haveria jamais amor que me contentasse?
Correspondência para a minha pobreza e ânsia?
Mas conquistada ela - com o que não sonho - não me sentiria liberta para me deslocar sempre, em corpo e em espírito, em realidade e em desejos?»
[Irene Lisboa, Solidão II, p.55]
[Irene Lisboa, Solidão II, p.55]
14/09/09
A perfeição
«O Teo é perfeito e isso é terrível e luminoso no meio da imperfeição humana. Ele é perfeito por fora, o nosso filho, mas sobretudo por dentro, onde deve ter uma alma com uma exactidão e firmeza de geometria. Eu não sei se ele tem dúvidas, mas a perfeição também é um hábito com que se insiste e então não as tem.» [Vergílio Ferreira, «Em nome da Terra», Quetzal, pág.248]
«Um homem verdadeiramente bom é recto, como um quadrado, sem irregularidades» [ Aristóteles, «Ética a Nicómaco»]
12/09/09
A matéria primordial
«Dá-me a tua mão:
Vou te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois factos existe um facto, entre dois grãos de areia, por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo e aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.»
[Clarice Lispector, «A Paixão Segundo G.H.», Relógio d'Água, p.79]
11/09/09
O medo
«E agora não estou tomando tua mão para mim. Sou eu quem está te dando a mão.
Agora preciso de tua mão, não para que eu não tenha medo, mas para que tu não tenhas medo. Sei que acreditar em tudo isso será, no começo, a tua grande solidão. Mas chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: por amor. Como eu, não terás medo de agregar-te à extrema doçura enérgica do Deus. Solidão é ter apenas o destino humano.
E solidão é não precisar. Não precisar deixa um homem muito só, todo só. Ah, precisar não isola a pessoa, a coisa precisa da coisa: basta ver o pinto andando para ver que seu destino será aquilo que a carência fizer dele, seu destino é juntar-se como gotas de mercúrio a outras gotas de mercúrio, mesmo que, como cada gota de mercúrio, ele tenha em si próprio uma existência toda completa e redonda.
Ah, meu amor, não tenhas medo da carência: ela é o nosso destino maior. O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão.»
[Clarice Lispector, «A Paixão Segundo G.H.», Relógio D'Água, p.136]
Agora preciso de tua mão, não para que eu não tenha medo, mas para que tu não tenhas medo. Sei que acreditar em tudo isso será, no começo, a tua grande solidão. Mas chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: por amor. Como eu, não terás medo de agregar-te à extrema doçura enérgica do Deus. Solidão é ter apenas o destino humano.
E solidão é não precisar. Não precisar deixa um homem muito só, todo só. Ah, precisar não isola a pessoa, a coisa precisa da coisa: basta ver o pinto andando para ver que seu destino será aquilo que a carência fizer dele, seu destino é juntar-se como gotas de mercúrio a outras gotas de mercúrio, mesmo que, como cada gota de mercúrio, ele tenha em si próprio uma existência toda completa e redonda.
Ah, meu amor, não tenhas medo da carência: ela é o nosso destino maior. O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão.»
[Clarice Lispector, «A Paixão Segundo G.H.», Relógio D'Água, p.136]
05/09/09
01/09/09
A culpa
«(...) nós trazemos na alma a bomba e o problema está em alguém fazer lume para a rebentar. (...) Agora pergunto - se escolheram a maldição e alguém faz lume, quem é o culpado dela rebentar? Como é que um tipo é culpado de trazer uma bomba na alma se foi outro que a fez explodir? E como é que é culpado o tipo que fez o lume, se a bomba não era dele? Qual é a sequência da causa/efeito? Mónica, minha querida, eu posso perfeitamente dizer que a causa, que é o lume, está depois do efeito, que é a bomba. Mas já explico melhor, se valer a pena e não expliquei bem. A minha ideia agora é que o limite de tudo é o incognoscível. Mas temos de nos ir governado, como pudermos para não darmos em doidos e haver ordem na vida. A verdade de tudo há-de esclarecer-se no sem-fim. Mas temos de ser razoáveis para ir vivendo. Admitamos para já que o culpado é o que faz lume». [Vergílio Ferreira, «Em nome da terra», Quetzal, pág.187 e 188]
31/08/09
«A melhor maneira de fugir é ficar parado.
É a fuga da presa que engrandece o caçador. O ficar imóvel é o mais astuto modo de enfrentar o predador: deixar de ter dimensão, converter-se em areia no deserto. Desaparecer para fazer o outro se extinguir.
A melhor maneira de mentir é ficar calado.»
[Mia Couto in «O Outro pé da Sereia»]
A melhor maneira de mentir é ficar calado.»
[Mia Couto in «O Outro pé da Sereia»]
30/08/09
Conselho do avô
Ante o frio,
faz com o coração
o contrário do que fazes com o corpo:
despe-o.
Quanto mais nu,
mais ele encontrará
o único agasalho possível
- um outro coração.
[Mia Couto, «A Chuva Pasmada»]
faz com o coração
o contrário do que fazes com o corpo:
despe-o.
Quanto mais nu,
mais ele encontrará
o único agasalho possível
- um outro coração.
[Mia Couto, «A Chuva Pasmada»]
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