07/05/10

Madrugada


Contágio azul de pele aonde nasce
da noite a inocência ou o desastre.

Alberto Soares, Escrito para a noite, INCM, p.13




Giacomo Puccini, Tosca; realizador: Benoît Jacquot
Angela Gheorghiu (soprano), Roberto Alagna (tenor)

05/05/10

Queen of the Desert


O rumor dos dias




Perserverança a mais. Perserverança
até ao sensabor do inviável
sem saber se o tempo é de mudança
ou se o silêncio é que é inesgotável.

Corre o bicho das contas à lembrança:
menos por menos torna-se improvável
que dê mais. À custa da esperança
se torna a mesma esperança inevitável.

Curvemos insondáveis os narizes
nas águas plurimansas e capazes
de nos passar de fracos a felizes.

Sejamos entre os bons melhores rapazes
(os Zês ou os Ypsilons ou os Xizes)
repetindo que a sorte é dos audazes.

Joaquim Pessoa, Sonetos Perversos, Litexa, 1984, p.73

02/05/10

01/05/10

Conversas com Deus


Pedro Camargo Mariano (voz) e César Camargo Mariano (piano),  filho e pai, lembram Elis Regina - mãe de Pedro, que foi mulher de César - numa canção de Gilberto Gil.
Elis cantou-a pouco tempo antes de morrer, o que é possível ouvir aqui.

Com agradecimento à Júlia Coutinho, que descobriu o vídeo.
Para a minha Mãe, que há muito está à conversa com o Criador.

30/04/10

29/04/10

Na corrente


Nils Petter Molvaer - On stream, album Khmer

Ilusões e desilusões (2)


Aquilo que aqui vemos manifestado ou executado são sombras passageiras de algo que está por trás, e (...) quando esse algo não for conclusivamente apreendido pela nossa experiência, o sentido das sombras passageiras nunca será adequadamente reconhecido e apreciado.
D.T. Suzuki

A tarefa da ciência tem sido descobrir coisas que são muito diferentes daquilo que parecem.
Sir Arthur Eddington

[Thomas J. Macfarlane, «Einstein e Buda - Palavras Comuns», Estrela Polar, p.119 e 113]

26/04/10

A beleza da ambiguidade

Pequeno (grande) ensaio sobre a «beleza da ambiguidade» ou de como, afinal, é possível sentir muito lucidamente:


Leonard Bernstein gives an introduction to Mozart's G Minor Symphony



Equilíbrio



(...) Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente. Por isso pouco sentiam. Daí a sua perfeita execução da obra de arte. Para executar a obra de arte com perfeita perfeição é preciso não sentir excessivamente a beleza que se vai esculpir.(...)

Ricardo Reis, O Regresso dos Deuses, Arquivo Pessoa - obra édita (on line)

25/04/10

O futuro o ouvirás, quando surgir




O que depois se passou, nem o vi, nem o digo.
Mas não são vãs as artes de Calcas.
Aos que sofreram concede a Justiça
que fiquem a saber. O futuro
o ouvirás, quando surgir. Antes disso, esqueçamo-lo,
que o mesmo vale que começar logo a gemer.
Virá claramente com a luz que o vir nascer.
Seja bem sucedida, depois disto, a acção,
como desejada essa fortaleza,
reduto último e mais próximo da terra de Ápis!

Baquílides, Agamémnon, 248-257,

in Hélade - Antologia da Cultura Grega, organização e tradução de Maria Helena da Rocha Pereira, Guimarães Editores, p.227

22/04/10

Genesis




Há uma força que só em ti repousa
é inútil cansá-la adormecer cegar
o seu destino. Porque não transige
nem se apazigua.

Alberto Soares, Escrito para a noite, INCM, p.35

Lembro-me de ti...

  Lembro-me de ti... Na escuridão profunda da memória, o teu olhar ilumina a estrada percorrida na história da minha vida. E sinto, em mim, ...