Soneto amoroso definiendo el amor

  



    Es hielo abrasador, es fuego helado, 
es herida que duele y no se siente,
es un soñado bien, un mal presente,
es un breve descanso muy cansado;
   es un descuido que nos da cuidado,
un cobarde, con nombre de valiente,
un andar solitario entre la gente,
un amar solamente ser amado;
   es una libertad encarcelada,
que dura hasta el postrero parasismo;
enfermedad que crece si es curada.
   Éste es el niño Amor, éste es su abismo.
!Mirad cuál amistad tendrá com nada
el que en todo es contrario de sí mismo!

[ Francisco Quevedo, «Antologia Poética», selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento, Assírio e Alvim, p.168]

4 comentários:

  1. Isto das influências, nunca saberemos do fiozinho de água que veio dar ao rio...
    Mesmo tratando-se do originalíssimo Quevedo que se situa depois de Camões...
    Mas não será que Dante ou Petrarca é que abriram o açude, até o fio de água chegar a Camões? E o mesmo Dante dizia invocando Vergílio:" Tu duca,tu signore, tu maestro!". Seja como for, gosto muito deste soneto de Quevedo que transcreveu. Obrigado.

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  2. APS,
    Disse tudo. Ao lermos este poema vêm à memória outros poetas. A beleza da originalidade fica amarelecida.

    Por associação de ideias lembrei-me de uma afirmação de Virgílio: "O amor tudo vence".
    Não creio... À medida que cresço não sei dizer o que significa o amor!

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  3. Caros APS e Ana
    Acho que foi uma partida que o Cupido pregou ao Quevedo e ao Camões. Reparem no sorriso dele... :-)

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  4. Ah! Ah! Ah! Este cúpido é muito malandro.
    Por acaso gosto dele.
    Para o cúpido vai um soneto de amor de Camões que é menos utilizado.

    Eu cantarei de amor tão docemente

    Eu cantarei de amor tão docemente,
    Por uns termos em si tão concertados,
    Que dois mil acidentes namorados
    Faça sentir ao peito que não sente.

    Farei que amor a todos avivente,
    Pintando mil segredos delicados,
    Brandas iras, suspiros magoados,
    Temerosa ousadia e pena ausente.

    Também, Senhora, do desprezo honesto
    De vossa vista branda e rigorosa,
    Contentar-me-ei dizendo a menor parte.

    Porém, pera cantar de vosso gesto
    A composição alta e milagrosa
    Aqui falta saber, engenho e arte.

    Luís de Camões

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