Many names

Quando considero a minha vida fico apavorado ao achá-la informe. A existência dos heróis, aquela que nos contam, é simples: vai direita ao fim como uma seta. E a maioria dos homens gosta de resumir a sua vida num preceito, por vezes uma jactância ou numa lamentação, quase sempre numa recriminação; a sua memória fabrica-lhes complacentemente uma existência explicável e clara. A minha vida tem contornos menos firmes. Como sucede frequentemente, é talvez o que não fui que a define com maior justeza: bom soldado, mas não um grande homem de guerra; amador de arte, mas não aquele artista que Nero julgou ser, ao morrer; capaz de crimes, mas não carregado de crimes.
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano, trad. de Maria Lamas, Ulisseia, p.25



5 comentários:

  1. É curioso que, dos 2 poemas de Montale que ontem traduzi, aquele que não cheguei a"postar",quase roça o tema glosado pela Yourcenar, neste seu excerto.
    Bom domingo!

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  2. Um dos livros mais belos da M.Y. tão atual na vivência de cada um.
    Uma boa aliança com Thomas Feiner.
    Boa tarde!

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  3. Para APS: les beaux esprits...:-) E fico curiosa porque gostei do Montale...

    Para Ana: Um livro absolutamente extraordinário, sem dúvida. Boa semana!

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  4. Venho desejar um Feliz 2013.
    Outro desejo: que nos possamos visitar mais.
    Bj.
    Irene Alves

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  5. Há muitos nomes mas há sempre um que suplanta os outros:
    - António;
    - Sofia.

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