A mão A
A mão invisível do vento roça por cima das ervas.
Quando se solta, saltam nos intervalos do verde
Papoilas rubras, amarelos malmequeres juntos,
E outras pequenas flores azúis que se não vêem logo.
Não tenho quem ame, ou vida que queira, ou morte que roube.
Por mim, como pelas ervas um vento que só as dobra
Para as deixar voltar àquilo que foram, passa.
Também por mim um desejo inutilmente bafeja
As hastes das intenções, as flores do que imagino,
E tudo volta ao que era sem nada que acontecesse.
Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.
- 89.
Este poema híbrido deixa-me entre as 10 e as 11.
ResponderEliminarBom dia.
Bom dia APS. Híbrido em que sentido?
ResponderEliminarAcho que nem Reis, nem Caeiro... Dificilmente o situo. Pessoa ou terra de ninguém.
EliminarAh! entendo agora. Sobre isso confio no seu julgamento. Regra geral prefiro o Reis ao Caeiro, mas gostei deste.
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