A CASA IMPROVÁVEL
11/12/25
27/11/25
15/10/25
Vento Frio e Som
Daniel Jonas, "Idade da Pedra", Assírio e Alvim, p.12
12/10/25
Não entres como turista no coração de uma mulher
Não entres como turista no coração de uma mulher
não bebas só um copo de mar ali
não costumam voltar a crescer.
30/09/25
Criação
Esta dura crueza de navio
à deriva, seguindo a tempestade,
aguarda essa palavra que inicia
todo um começo sem saber o fim.
Dum silêncio nocturno vem a lume
a força, e um caroço se liberta
de mim, como de um fruto que apodrece
sem saber - por dentro.
Alberto Soares (poema respigado aqui), Alan Villiers (foto)
26/09/25
ENVOI
Há quantos anos convosco vivo
poetas deste mundo e todos os feitios,
como com tudo quanto seja criação humana,
desde as fantasias da carne à contemplação do espaço!
Se vos traduzo para vós em mim,
não é porque vos use para dizer o que não disse,
ou para que digais o que não haveis dito -
- mas para que sejais da minha língua,
aquela a que eu pertenço e me pertence,
e assim nela eu me sinta em todo o mundo e sempre,
por vossa companhia.
Pois para quem haveis escrito
senão para quem vos ame e queira.
Jorge de Sena, "Visão Perpétua", Morais Editores/INCM, 1982, p.108
25/09/25
Sete Danças Gregas
A paixão grega
Li algures que os gregos antigos
não escreviam necrológios,
quando alguém morria perguntavam
apenas:
tinha paixão?
quando alguém morre também eu
quero saber da qualidade da sua paixão:
se tinha paixão pelas coisas
gerais,
água,
música,
pelo talento de algumas palavras
para se moverem no caos,
pelo corpo salvo dos seus
precipícios com destino à glória,
paixão pela paixão,
tinha?
e então indago de mim se eu
próprio tenho paixão,
se posso morrer gregamente,
que paixão?
os grandes animais selvagens
extinguem-se na terra,
os grandes poemas desaparecem nas
grandes línguas que desaparecem,
homens e mulheres perdem a aura
na usura,
na política,
no comércio,
na indústria,
dedos conexos, há dedos que se
inspiram nos objectos à espera,
trémulos objectos entrando e
saindo
dos dez tão poucos dedos para
tantos
objectos do mundo
e o que há assim no mundo que
responda à pergunta grega,
pode manter-se a paixão com fruta
comida ainda viva,
e fazer depois com sal grosso uma
canção curtida pelas cicatrizes,
palavra soprada a que forno com
que fôlego,
que alguém perguntasse: tinha
paixão?
afastem de mim a pimenta-do-reino,
o gengibre, o cravo-da-índia,
ponham muito alto a música e que
eu dance,
fluido, infindável,
apanhado por toda a luz antiga e
moderna,
os cegos, os temperados, ah não,
que ao menos me encontrasse a paixão
e eu me perdesse nela
a paixão grega.
Herberto Helder, "A faca não corta o Fogo - Súmula & Inédita", Assírio & Alvim, 2008
07/09/25
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BY ARTHUR O'SHAUGHNESSY We are the music-makers, And we are the dreamers of dreams, Wandering by lone sea-breakers And sitt...



