.
EM LOUVOR E ACIDENTE
De mastigar os ossos nas sílabas espessas
este cão amargo rói os dias
sob o peso da chuva com a morte
por entre os lábios o marfim das pedras
com a lua a destruir os muros sucessivos
vai latindo. Um rio que passa
tão velho e transparente sacrifício
crescendo nesta sombra de ameaças
e pequenos acidentes de percurso.
É nas súbitas varandas que palavras
neutras ou amigas se recusam
concêntricas circulam e regressam
a espaços mínimos cada vez menores
onde não é possível respirar contigo.
[Alberto Soares, Escrito Para A Noite, 1984, respigado aqui]
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
-
BY ARTHUR O'SHAUGHNESSY We are the music-makers, And we are the dreamers of dreams, Wandering by lone sea-breakers And sitt...
-
Quando considero a minha vida fico apavorado ao achá-la informe. A existência dos heróis, aquela que nos contam, é simples: vai direita ao ...
-
foto respigada aqui 176 Na era Jôkio, durante a oitava lua, deixei a minha modesta casa junto ao rio. O vento era muito frio. O ...
Obrigado pela gentil e grata surpresa matinal.
ResponderEliminarO poema é bonito!
ResponderEliminarA memória do poema veio-me com a noite e por causa da tarefa. Estive a noite inteira a roer sílabas por razões prosaicas, as piores de todas. Um cão amargo roendo os dias. Ontem o seu poema fez-me companhia e por isso eu é que estou grato ao poeta.
ResponderEliminarJá somos dois, Ana! :-)
é musculada, a poesia de A. Soares. Excelente, trazê-la para aqui :)
ResponderEliminarPois... mas antes vou ter de encontrar os livros. Até agora só consegui trazer o que fui surripiando na net :-)
ResponderEliminar