Procura a maravilha.
Onde a luz coalha
e cessa o exílio.
Nos ombros, no dorso,
nos flancos suados.
Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.
Ou a sombra espessa.
Na laranja aberta
à língua do vento.
No brilho redondo
e jovem dos joelhos.
Na noite inclinada
de melancolia.
Procura.
Procura a maravilha.
Onde a luz coalha
e cessa o exílio.
Nos ombros, no dorso,
nos flancos suados.
Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.
Ou a sombra espessa.
Na laranja aberta
à língua do vento.
No brilho redondo
e jovem dos joelhos.
Na noite inclinada
de melancolia.
Procura.
Procura a maravilha.
Eugénio de Andrade, Obscuro Domínio, Limiar, p.16-17