«Quando sentiu que estava morrendo, meu avô Celestiano chamou a mulher e pediu-lhe:
- Deixa-me fitar teus olhos!
E ficou, embevecido, como se sua alma fosse um barco deitado num mar que eram os olhos de sua amada.
- Tens frio?, perguntou ela vendo-o tremer.
- Não. És tu que estás a chorar.
- Chorar, eu? Começou foi a chover.»
[Mia Couto, «Mar me quer», Caminho, p.63]
Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,
Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?
Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,
Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"
[Antero de Quental]
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,
Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?
Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,
Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"
[Antero de Quental]
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