Outono

Vibram sílabas ao vento e os cabelos
brancos esvoaçam como aves fustigadas,
frágeis e furtivas
para sul.

Águas rompem de um incerto futuro
como as pedras ficam
quietas para sempre, conformadas
no infinito.

Sobe da terra um bafo morno,
materno, cada vez mais frio,
e a morte é a grande abstracção
depois da noite maior.

Alberto Soares

[poema retirado do Arpose