Este ritmo pousado não tolera mais
a sombra que inicias cidades escondem-se
assustadas do que pensas das minhas
insónias as palavras recuperam a força
e munem-se de garras ou soletram
de excessiva ternura o teu nome em segredo:
reunem as vogais mais doces para múltiplos
desastres
amadurecem tensas como as uvas.
São o feitio de uma escova no cabelo cercam-
-te de luz e trazem-te magnética e descalça
à minha rua por túneis de violência em direcção
ao dia.
De tudo aquilo que proibem amo-te
com o rigor incompassado de uma cheia
uma alteração sinistra de todos os sentidos
buscando a levíssima queda última
de pássaros que se guiam como cegos
de pedra em pedra aguda que não sabem
morrer em vôo como no teu sangue
límpido amanhecer de súbito e de noite.
Alberto Soares, Escrito para a noite, INCM, p.15
Gostei muito da sua "osmose", não sei é se uma das partes (minha) a merece. Muito grato,
ResponderEliminarA.S.
Gosto muito do poema, pareceu-me que «casava» bem com o som. É bom saber que gostou. Muito bom mesmo! :-)
ResponderEliminarGostei da sintonia.
ResponderEliminarObrigada.
Grata pelo seu comentário.
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