A arte exprime, por meio dos traçados geométricos a que recorre, uma gama de relações entre os seres ideais que concebe; essas relações não são puramente descritivas nem unicamente racionais. Talvez seja mais legítimo falar de uma geometria "emblemática", onde se conjugam duas ordens de "figuras", uma delas constituída pelo código de sinais convencionados da comunicação utilitária e social, a outra pelo léxico dos símbolos, encarados aqui como sinais do que é linguisticamente incomunicável, como homologias necessariamente precárias daquilo que se atinge, não por comunicado, mas por comunhão.
Lima de Freitas, Almada e o número, Editora Soctip, p. 103
Já conhecia o texto de Lima de Freitas e também o desenho de Escher. A associação é primorosa!
ResponderEliminarA geometria social e utilitária não tem sentido, não marca. A comunhão é algo muito complexo...
Escher definitivamente desmarca-se da utilitária.
Muito obrigada, Ana. Fico feliz :-)
ResponderEliminarA citação - retirada de um óptimo livro, que devia ser mais conhecido - casa muito bem com o desenho de Escher.
ResponderEliminarObrigada, MR.
ResponderEliminarComprei este livro em finais dos anos 70, por causa do apêndice sobre os painéis de S. Vicente. Acabei por esquecer-me que o tinha, porque andava à procura de uma abordagem histórica e o livro trata um assunto completamente diferente. Na altura pareceu-me «esotérico» demais para o meu gosto. Obviamente não estava preparada para ele. Levei 30 anos a aperceber-me do seu valor... :-)
Ora, aqui está uma óptima definição de arte. E Escher... bem, é Escher. :)
ResponderEliminarÉ um óptimo livro, Analima. E sim: Escher é... Escher! :-)
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