Outono

Vibram sílabas ao vento e os cabelos
brancos esvoaçam como aves fustigadas,
frágeis e furtivas
para sul.

Águas rompem de um incerto futuro
como as pedras ficam
quietas para sempre, conformadas
no infinito.

Sobe da terra um bafo morno,
materno, cada vez mais frio,
e a morte é a grande abstracção
depois da noite maior.

Alberto Soares

[poema retirado do Arpose



6 comentários:

  1. Gostei da sinestesia. Ainda para mais, o Wagner era Gémeos..:-)
    Obrigado, c.a..

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  2. Eu também, apesar de, no geral, não gostar de Wagner.

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  3. O poema é muito bonito e retrata bem o Outono, a queda das folhas, a morte lenta, a despedida e o despir da roupagem antes de renascer!

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  4. Tem razão, APS, publicar um poema é um desejo de partilha e este eu tinha de partilhar porque gostei muito. Obrigada.

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  5. Para MR: é curioso, também não sou especial apreciadora da música de Wagner mas gosto muito desta e pareceu-me que ficava bem aqui. Ainda bem que não sou a única! :-)

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  6. Inteiramente de acordo, Ana. Este é, de facto, um belo poema. Obrigada e boa semana! :-)

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