Dá-me a tua mão:
Vou te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois factos existe um facto, entre dois grãos de areia, por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo e aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.
Vou te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois factos existe um facto, entre dois grãos de areia, por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo e aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.
Clarice Lispector, A Paixão Segundo G.H., Relógio d'Água, p.79]
O silêncio por vezes é muito pesado. Porém, outras é extraordinariamente belo.
ResponderEliminarClarice Lispector soube usá-lo muito bem. Também gosto muito desta peça musical de Sassetti, uma perrda irreparável, sem sentido...
Porquê? no auge da vida, no ponto culminante entre um intervalo- o silêncio.
Bom dia!
Gosto muito deste disco.
ResponderEliminarPorquê no auge da vida? Creio que, para certas sensibilidades, a vida, às vezes, é excessiva. São os intervalos perigosos...
Obrigada, Ana, uma boa semana!