Um dia se verá que o mundo não viveu um drama.
Todas estas batalhas, todos estes crimes,
todas estas crianças que não chegaram a desdobrar-se em carne viva
e de quem, contudo, fizeram carne viva logo morta,
todos estes poetas furados por balas
e todos os outros poetas abandonados pelos que
nem coragem tiveram de matar um homem,
toda esta mocidade enganada e roubada
e a outra que morreu sabendo que a roubavam,
todo este sangue expressamente coalhado
à face íntegra da terra,
tudo isto é o reverso glorioso do findar dos erros.
Um dia nos libertaremos da morte sem deixar de morrer.
Todas estas batalhas, todos estes crimes,
todas estas crianças que não chegaram a desdobrar-se em carne viva
e de quem, contudo, fizeram carne viva logo morta,
todos estes poetas furados por balas
e todos os outros poetas abandonados pelos que
nem coragem tiveram de matar um homem,
toda esta mocidade enganada e roubada
e a outra que morreu sabendo que a roubavam,
todo este sangue expressamente coalhado
à face íntegra da terra,
tudo isto é o reverso glorioso do findar dos erros.
Um dia nos libertaremos da morte sem deixar de morrer.
Jorge de Sena, Antologia Poética, Guimarães, p.56
(...)
A História não olha a quem fica no meio
E o que foi é de quem fôr
A História não olha a quem fica no meio
E o que foi é de quem fôr
"E o que foi é de quem fôr"
ResponderEliminarO que é que esta citação quer dizer?
Parece tão vaga e vazia.
Desculpe.
O que é que lhe parece vazio: a citação ou o verso?
ResponderEliminar"O que foi é de quem fôr", para mim, é outra forma de ver a glória, da qual (com sorte) "um dia nos libertaremos, sem deixar de a ter" (com vénia a Jorge de Sena).
E não há razão para desculpas. A haver, são todas minhas, que não me faço entender :-)
O poema é belo e paradoxal.
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