A utilidade do poder - 1

 


SCIPION
Ce n'est pas possible, Caius!

CALIGULA
Justement!

SCIPION
Je ne te comprends pas.

CALIGULA
Justement! il s'agit de ce que n'est pas possible, ou plutôt il s'agit de rendre possible ce qui ne l'est pas.

SCIPION
Mais c'est un jeu qui n'a pas de limites. C'est la récréation d'un fou.

CALIGULA
Non, Scipion, c'est la vertu d'un empereur. Je viens de comprendre enfin l'utilité du pouvoir. Il donne ses chances à l'impossible. Aujourd'hui, et pour tout le temps qui va venir, la liberté n'a plus de frontières.

CAESONIA
Je ne sais pas s'il faut s'en réjouir, Caius.

CALIGULA
Je ne le sais pas non plus. Mais je suppose qu'il faut en vivre.

Albert Camus, Caligula, Gallimard - folio, p.36

3 comentários:

  1. Há uns dias que não vinha aqui à sua Casa. E ler este excerto do Calígula, depois de ter lido no Prosimetron que, possivelmente, foi encontrado o túmulo desse imperador louco... :)

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  2. Ando com as leituras um pouco atrasadas. Tenho de ir espreitar o PROSIMETRON. Não fazia ideia...
    Pode parecer estranho, mas o Calígula veio-me à memória por causa das recentes notícias sobre a Tunísia.
    Depois de ter feito o «post» li que a mulher do ditador foi buscar tonelada e meia de ouro ao banco central antes de fugir, e a sensação de «dejá vu» mais se acentuou...

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  3. "Mais c'est un jeu qui n'a pas de limites. C'est la récréation d'un fou"
    ... Camus e a verdade!

    Devo dizer-lhe que gosto mais deste "Poder Utilitário I", apaixona-me mais.

    De Camus ando a ler "primeiros cadernos". No Caderno nº 3 encontrei isto:

    "Ainda não se sentiu suficientemente em política quanto uma certa igualdade é inimiga da liberdade. Na Grécia, existiam homens livres porque havia escravos".
    Camus, primeiros cadernos, Lisboa: Livros do Brasil, sd, p. 180.

    c.a. faça a sua leitura eu já fiz a minha.

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