Uma a uma as flores estiolam-se no quebranto do vento leste.
Os bichos-da-seda de primavera dobam até à morte os
fios do coração:
fios do coração:
O pavio da vela tornando-se em cinzas antes de as lágrimas lhes secarem.
A preocupação do espelho da manhã é mudar nela o aspecto melancólico:
Alta noite a recitar um poema será que ela não sente o frio dos raios de luar?
A colina das fadas não é longe daqui.
Pássaro azul, apressa-te agora, vigia-me a estrada.
Li Shang-Yin, Poemas sem título, 812-858, China, Dinastia Tang,
in Nocturno em Macau, de Maria Ondina Braga, Caminho, p.9
Olha que coisa bonita, C. :)))))
ResponderEliminarDepuração de alma.
T.
Ontem de madrugada deu-me para isto. Podia ter-me dado para pior... :-))))
ResponderEliminar"Os bichos-da-seda de primavera dobam até à morte os fios do coração"
ResponderEliminar"A colina das fadas não é longe daqui".
São lindos estes versos tal como toda a poesia chinesa. Não tenho esta compilação mas acho que a vou comprar.
Gosto do espírito, da leveza, simplicidade e beleza deste poema.
Obrigada.
O «Nocturno em Macau» é um romance, da Maria Ondina Braga. O poema do Li Shang-Yin é o proémio desse romance. Encontra-o aqui:
ResponderEliminarhttp://www.wook.pt/ficha/nocturno-em-macau/a/id/58675
É delicado, de facto, e por isso me prendeu a atenção. Ainda bem que gostou :-)
c.a.,
ResponderEliminarMuito obrigada.
Delicado é uma definição certíssima, deve ser por isso que gosto tanto.
Delicadeza é uma palavra um pouco gasta nos dias que correm; poucos usam de delicadeza. :)
No geral tem toda a razão, Ana, e admito que às vezes certos comentários parecem ter arestas. Mas com o tempo vamos conhecendo os visitantes e formando uma ideia sobre as pessoas e felizmente todos os meus visitantes são gentis e amáveis e é sempre um prazer conversar com eles. Abraço grato.
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