(...) Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente. Por isso pouco sentiam. Daí a sua perfeita execução da obra de arte. Para executar a obra de arte com perfeita perfeição é preciso não sentir excessivamente a beleza que se vai esculpir.(...)
Ricardo Reis, O Regresso dos Deuses, Arquivo Pessoa - obra édita (on line)
Ricardo Reis, O Regresso dos Deuses, Arquivo Pessoa - obra édita (on line)
Gosto muito de Pessoa e do excerto que escolheu de Ricardo Reis. No entanto, não sei se concordo inteiramente.
ResponderEliminarPara se esculpir com perfeição até aceito que não se possa sentir, mas a beleza da arte está no sentimento. É como ouvir uma peça de piano tocada com alma ou ouvir uma tocada tecnicamente com perfeição, a primeira é mais bela.
Tem graça, julguei que os romanos é que eram mais pragmáticos e frios, não pensaria isso dos gregos... Tenho que reflectir sobre isto e lembrar-me de velhas leituras. Obrigada!
Escrever muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os poetas como Pessoa viam muito lucidamente. Por isso pouco sentiam. Daí a sua perfeita execução da obra escrita. Para executar a obra escrita com perfeita perfeição é preciso não sentir excessivamente a beleza do que se vai escrever.
ResponderEliminarMuito bem visto, meu Caro! Ainda que me pareça que esta sua afirmação será aplicável ao heterónimo e não tanto ao Pessoa. O que lhe parece?
ResponderEliminarClaro, claro. Foi uma brincadeira que pode fazer algum sentido. Não se aplicará a Pessoa, seguramente. Até porque «poetas como Pessoa» só há um: o próprio.
ResponderEliminar:)
Acho que faz sentido.
ResponderEliminarHá quem não encontre vantagem (e com alguma razão, há que reconhecê-lo) nas citações acríticas de textos, e neste particular, a obra de Pessoa é uma das mais «sacrificadas». Às vezes questiono-me se ao fazer o que tenho feito aqui não estarei a contribuir para esse «retalhar» sem nexo das obras alheias. Infelizmente, falta-me tempo e disponibilidade para fazer diferente e melhor, isto é, para deixar aqui uma perspectiva minimamente reflectiva e coerente do que vou lendo. Nos últimos tempos, então, tem sido impossível. O que me vale é que as minhas estimadas visitas sempre vão deixando uns comentários, o que me permite transmitir a quem lê uma ideia do que me passa pela cabeça relativamente ao que vou «postando». Se não fossem os comentários, esta «Casa» seria bem mais pobre!
Em suma: muito obrigado e, por favor, volte sempre!