Depois da noite

Olhos de maio rios muito claros
trazendo soltos seixos de um cinzento
que em breve se mistura de silêncio
brando. É tarde pra movê-los

do meu rosto ao teu que trouxe dedos
desprendê-lo da minha boca ébria
que a dizer-te se liberta a pouco e pouco
esta alegria. Fosse haver

depois da noite um dia sucessivo
não feito mais do que se permitir
ser tudo para nós e não mover-se
nunca o sentimento de deixar-te

sendo completo porque não termina
todo o amor que fica por fazer. 

Alberto Soares, Escrito para a noite, INCM, p.44



2 comentários:

  1. Faz-me bem rever as palavras num outro contexto, porque as leio de outro modo - muito obrigado, c. a.. Grato pela sua bonita e gentil surpresa.
    A. S.

    ResponderEliminar
  2. Não podia deixar passar este dia em branco... Parabéns, Poeta! :-)

    ResponderEliminar